quinta-feira, março 31, 2005

Profissão: Duro


A capa do filme em questão Posted by Hello
Mais uma passagem de testemunho para as gerações vindouras. Quem é que cresceu nos anos oitenta com irmãs mais velhas e nunca viu este filme? Ninguém!!!
Nos saudosos eighties, o Patrick Swayze estava para as adolescentes como as moscas para a merda ou as abelhas para o mel. Este homem era a sensação do cinema de gaja. O que eu sofria por ter uma irmã mais velha à conta disso, as inúmeras tardes em que eu estava a brincar com os meus playmobil na sala e ela chegava da escola e, mal entrava em casa, se dirigia para o nosso video da singer e colocava a malfadada cassete com o Dirty Dancing, cantando as músicas à medida que sonhava em ser salva de Portugal pelo Patty (como ela lhe chamava e como me vou referir à personagem em questão daqui em diante.)
Ora esta obcessão levou-a a querer ver os filmes todos dele, ou seja, eu também os vi. Não imaginam a agonia em que eu passava as tardes... até que chegou o ano de 1989 e saiu este filme....PROFISSÃO DURO.
Ao visionamento dos primeiro fotogramas deste épico de Hollywood a minha vida mudou por completo. Por causa deste filme, cada vez que as amigas da minha mãe me perguntavam o que eu queria ser quando fosse grande, eu respondia prontamente: DURO!
Segui com emoção o caminho de Dalton (o protagonista), à medida que ele enfrentava as dificuldades que uma vida à porta de um bar à beira da estrada numa qualquer cidade perdida no interior americano. Este filme, como tantas outras obras primas da sétima arte, passou ao lado do grande público por ter uma trama demasiado complexa que não poderia ser dissecada ao primeiro visionamento. Neste ponto estou grato à minha irmã pois, enquanto ela sonhava com o Patty, eu vi o filme vezes sem conta, o que ajudou à minha percepção da América da gerência Reagan. O retrato que faz desta América é só comparavel ao retrato do Japão feudal feito por Kurosawa em "Seven Samurai".
O filme lança âncora às referências oitentistas, como o uso repetido da cor oficial da década, o cor de rosa, bem como o recurso ao chamado hair rock, estilo de música que teve o seu momento com a saída do single Final Countdown, dos Europe, ou o próprio arranjo do cabelo dos intervenientes, com particular ênfase no de Dalton. O seu cabelo falava por si e representava tudo o que havia de bom e decente na década, coajudado nesta necessidade de falar apenas com o estilo pelas calças de ganga justas a ponto de Patty não as poder usar durante mais de meia hora de cada vez e as botas texanas com recortes costurados e de bico.
Se bem se recordam do filme, este consistia numa viagem espiritual do protagonista, na procura de algo que preenchesse a sua vida e lhe retirasse a sensação de vazio que este transportava consigo à medida que se movimentava no seu bem pago emprego num bar da chamada "Big City" (em americano).
Nisto surge-lhe a oportunidade de ser gerente de um bar chamado "Double Deuce", numa qualquer pequena cidade, oportunidade essa que Dalton, na sua viagem espiritual, agarra com as duas mãos. Junta todos os seus pertences num saco e faz-se à estrada para a sua nova vida.
Esta deslocação que Dalton empreende do seu meio natural para o rural é o cerne do filme e, à medida que ele vai enfrentando as naturais rejeições dos habitantes da sua nova morada, vai evoluindo como pessoa e como porteiro. E para ele isso era tudo o que importava, esta maneira ingénua e com o seu quê de Zen de encarar a vida.
O filme acaba com um confronto entre Dalton e a sua Nemesis, um sujeito chamado Brad que representava tudo o que a América rejeitava. Obviamente que Dalton ganha o confronto e, com isto o respeito dos habitantes de Jester. O filme encerra com uma cena comovente na qual, à chegada e interrogatório acerca do que se tinha passado por parte do Xerife, os habitantes se regem pelo código de silêncio, protegendo Dalton e conseguentemente o american kind of life, deixando o protagonista livre para evoluir enquanto ser humano noutra cidade qualquer de outro local qualquer.
Em suma, um dos maiores filmes da década pelo seu caractér universal, que poderia acontecer em qualquer lugar e que nos leva a pensar que a vida não é senão uma escadaria que tem de ser subida à medida que evoluimos enquanto seres humanos.....

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

És tão mentiroso...Eu só via o Dirty Dancing, nunca vi os outros.
...E nem cantava as musicas, podias era ouvir a cassete (que ainda tenho, se quiseres empresto-te).
Patty? Tavas com os copos...

31/3/05 09:27  
Anonymous Anónimo said...

It´s true Maria, i remember receiving a package from you containing a tape. This tape contained your very own version of "I´ve had the time of my life", where you sang a duet with your little friend Inês. You can´t imagine the pleasure i got receiving this package, the joy of knowing that i also had such devoted fans in Spain.
A big kiss and hug from your own

PATRICK SWAYZE (from what i hear, you prefer Patty right? ;) )

31/3/05 09:36  
Blogger BlueNote said...

"(...)a vida não é senão uma escadaria que tem de ser subida à medida que evoluimos enquanto seres humanos....." Esta deixou-me de lágrimas nos olhos!!! Tantos lemas de vida que esta lenda nos deixou...snif

31/3/05 23:45  
Blogger Patricia Dias da Silva said...

Muito bom. Fiquei com vontade de ver os filmes todos do meu homónimo e ainda mais de ser um DURO também!

1/4/05 13:17  
Anonymous video porteiros said...

oi .. Isso era exatamente o que eu pensei quando vi os primeiros segundos deste vídeo. É um ótimo trabalho! obrigado por compartilhar isso!

1/6/11 16:59  

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