sexta-feira, abril 08, 2005

O Uivo do Coiote


Van Damme no papel da sua carreira Posted by Hello

Mais um post referência para quem tem irmãs mais velhas que passaram parte da sua adolescência nos anos oitenta.
Desta vez trago à baila o grande Jean Claude Van Damme, o homem imortalizado pelos seus rotativos e fracturas expostas no saudoso filme de artes marciais "Bloodsport"(um dos filmes de eleição da minha irmã, a par de Roadhouse e Dirty Dancing) ou pelo seu sofrimento em virtude de ter sido crucificado em "Cyborg".
Nesta história épica de amizade, Jean Claude interpreta o papel de um ex-militar ou algo parecido (como em todos os filmes deste ícone dos anos oitenta), numa cruzada pessoal para ir entregar uma mota a um amigo índio que vive atrás do sol posto. O facto deste amigo ser índio deriva do facto do actor ser um activista conhecido das causas dos nativos norte-americanos, tentando com este filme chamar a atenção da sociedade para os problemas destes.
O que Jean Claude não contava era que este filme não tivesse passado pelo circuito dos cinemas, sendo o seu segundo filme a passar directamente para o mercado de video (o primeiro tinha sido "O Legionário"), ou seja, alguém não quis que este filme fosse visto, possivelmente pelas questões que coloca relativamente aos maus tratos que os índios sofrem.
A meio da sua viagem pelo interior norte-americano, Eddie Lomax (a personagem de Jean Claude), tem um encontro com três irmãos, que caracterizam o típico redneck , irmãos esses que roubam a mota a Eddie, não sem antes o balear na cabeça e o deixarem como comida para os abutres no meio do nada.
O que salva o protagonista é o próprio amigo índio, de seu nome Johnny, que o encontra e o leva para casa, onde cuida dele até este se sentir melhor. Enquanto está em casa de Johnny, Eddie confessa que o tinha ido visitar pela ultima vez antes de cometer suicidio, pois os problemas acima referidos da sociedade o estavam a asfixiar e ele já não conseguia viver com eles. Mas, face aos novos acontecimentos, Eddie define um novo objectivo para a sua vida: Matar os pulhas que o atacaram e recuperar a mota do seu amigo dos tempos do exército.
É a partir deste ponto que a trama do filme se adensa, e o espectador repara onde a dupla Tom O´Rourke,argumentista e John G. Avildsen, realizador, vai âncorar as suas referências cinéfilas, distinguindo-se à partida o filme "Yojimbo", de Akira Kurosawa e "Por um punhado de dólares", de Sérgio Leone.
Lomax parte então à procura de vingança e, como meio para atingir o seu fim, tem de resgatar um pequeno aglomerado habitacional perdido no deserto, com oito habitantes, das garras asfixiantes dos já referidos rednecks. De notar também a preocupação do argumentista em usar estas três personagens como pessoa colectiva, representando a América xenófoba para com os seus verdadeiros nativos.
O elenco conta ainda com Pat Morita como Jubal Early (imortalizado como Mr. Miyagi, em Karaté Kid), Danny Trejo, um actor de ascendência mexicana que assume o papel de Johnny, o amigo índio!!!!, e Gabrielle Fitzpatrick, como Rhonda Reynolds o interesse amoroso de Eddie, a rapariga mais bonita da cidade de oito pessoas!.
Para a história fica uma cena de beleza comovente entre Eddie e Carol Delvecchio (interpretada por Nikki Bokal, uma actriz que passou ao lado de uma grande carreira), em que este a possui selváticamente em cima de uma mesa, consumando a sua paixão por ela, completamente nú, apenas com umas clássicas botas texanas com floreados calçadas, um símbolo forte da América rural.
Concluindo, é curiosa a forma como o realizador aborda os conflitos entre índios e americanos, através deste choque de personalidades entre os rednecks e Eddie, quase como uma luta titânica de atitudes e perspectivas de futuro para um País que, quer se queira quer não, pertence às duas facções antagónicas. Para isso O´Rourke recorre a diversos estratagemas como a cena em que o herói americano é resgatado do abraço frio da morte pelo nativo, claramente uma metáfora para reforçar a génese onde o filme vai beber das suas ideias, ou o uso de três vilões que representam toda uma América rural e xenófoba, um vingador que representa o herói improvável gerado pelo american way of life e um índio representado por um actor mexicano (escolhendo para estes papeis um actor europeu e um mexicano, quase que a apontar que o caminho para o futuro dos Estados Unidos passa por olhar à sua volta, recorrer à mentalidade europeia e/ou mexicana). Enfim, um filme pejado de metáforas que passou ao lado dos Oscares devido ao seu caracter crítico e questões pertinentes que levanta, ou não fosse a censura dissimulada quase uma instituição no País que se auto-denomina land of the free...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tu andas mm com os copos...se não te lembras, quem via os filmes do Van Damme era a Inês...eu nunca gostei dos filmes dele
TU devoravas os do Steven Segal, se bem me lembro. O que tu gostavas de o ver a partir pescoços. Até dizias que quando fosses grande querias ser igual a ele, com o rabo de cavalo e tudo...

8/4/05 17:52  
Anonymous Anónimo said...

Isso é mentira! eu só via filmes do periodo expressionista alemão, tu é que forravas os teus cadernos todos com o Van Damme, o Patrick Swayze, o Paolo Maldini e os Bros. Não precisas de ter vergonha da tua adolescência, toda a gente passou por uma fase má.

11/4/05 22:42  
Anonymous Anónimo said...

Não tens mesmo mais nada que fazer...se quiseres, também posso lembrar-te aqui de todos aqueles posters que forravam a parede do vosso quarto.
Eu tinha o meu com os bros e mais tarde com o slash, não me nvergonho nada disso. Até tenho ainda o album dos bros, se estiveres interessado...

12/4/05 14:00  

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